Havia uma grande expectativa para o ano de 2007, era o início do governo de Jackson Lago (1934-2011). Finalmente um governador não pertencente ao grupo Sarney...
Com a mudança de governo mudou-se a administração dos museus, inclusive a minha amiga Elisene Matos assumiu a administração do Museu de Artes Visuais (MAV), e isso para mim foi muito importante pois tive mais acesso àquele museu. O MAV possuía então a mais bela galeria de arte da cidade, a Galeria Nagy Lagos, com seus magníficos arcos coloniais. Era um espaço muito mal aproveitado, mas era um espaço da arte. Quando Roseana Retomou o poder, essa galeria foi transformada numa sala comum da Secretaria de Cultura. Mas voltemos à nossa Iconografia de 2007: Adrianna Karlem possuía uma pauta de exposição na Galeria Nagy Lajos e ela gentilmente cedeu para o Icnos. chamamos todos os membros originais do grupo, mas infelizmente Heleno Fournier e Raimunda Fortes não puderam participar. Convidamos outras duas pessoas que acabaram desistindo também e assim a exposição de 2007 foi composta por Adrianna, Maciel, João Carlos, Régis e Beto Nicácio que já estava apalavrado com o grupo desde a exposição de 2003. A exposição foi realizada durante o mês de setembro pelos motivos já explicados no post da exposição de 2003. Mas antes da exposição, Adrianna, Maciel e eu realizamos na madrugada do dia 8 de setembro de 2007, uma intervenção (idealizada por Adrianna) em algumas ruas da Praia Grande, colocando faixas e laços pretos em alguns prédios históricos com mensagens de protesto e denuncia extraídas de um manisfesto que eu escrevi para aquele evento e que reproduzo aqui:
Com a mudança de governo mudou-se a administração dos museus, inclusive a minha amiga Elisene Matos assumiu a administração do Museu de Artes Visuais (MAV), e isso para mim foi muito importante pois tive mais acesso àquele museu. O MAV possuía então a mais bela galeria de arte da cidade, a Galeria Nagy Lagos, com seus magníficos arcos coloniais. Era um espaço muito mal aproveitado, mas era um espaço da arte. Quando Roseana Retomou o poder, essa galeria foi transformada numa sala comum da Secretaria de Cultura. Mas voltemos à nossa Iconografia de 2007: Adrianna Karlem possuía uma pauta de exposição na Galeria Nagy Lajos e ela gentilmente cedeu para o Icnos. chamamos todos os membros originais do grupo, mas infelizmente Heleno Fournier e Raimunda Fortes não puderam participar. Convidamos outras duas pessoas que acabaram desistindo também e assim a exposição de 2007 foi composta por Adrianna, Maciel, João Carlos, Régis e Beto Nicácio que já estava apalavrado com o grupo desde a exposição de 2003. A exposição foi realizada durante o mês de setembro pelos motivos já explicados no post da exposição de 2003. Mas antes da exposição, Adrianna, Maciel e eu realizamos na madrugada do dia 8 de setembro de 2007, uma intervenção (idealizada por Adrianna) em algumas ruas da Praia Grande, colocando faixas e laços pretos em alguns prédios históricos com mensagens de protesto e denuncia extraídas de um manisfesto que eu escrevi para aquele evento e que reproduzo aqui:
SÃO LUÍS, PARABÉNS OU RÉQUIEM.
Por quantas noites frias tuas ruas, becos e casarões agonizam no descaso e abandono de teus governantes e moradores? Onde estão os transeuntes que te usam como uma velha prostituta de 395 anos? Ai de ti São Luís, vítima de um passado que insiste em ser presente na memória e no discurso daqueles que maculam as tuas paredes com a tinta da farsa, do engodo e da falsa valorização. Bem vinda ao teu passado, dele retornam franceses, ingleses, portugueses, espanhóis e até italianos... Estão todos aqui! E juntos te conduzirão ao jazigo dos infelizes indigentes. São Luís eu não te reconheço, estás acabada, nem parece a descrita e exaltada por cronistas, poetas e cantores. Hoje as rugas consomem a tua beleza, os maus tratos te aleijaram e a menor das chuvas de outono é capaz de destruir parte de ti. Agora pergunto: quantos estarão ao teu lado quando decidires renascer? Quantos enxugarão tuas lágrimas quando forem cantados os parabéns e você chorar, não apenas de emoção, mas principalmente pelas chagas que carregas por teus longos anos de existência. Parabéns, São Luís! Aqui deixamos os nossos votos de vida longa. Mas aqui deixamos também os nossos protestos contra quem a muito te abandonou.
Por quantas noites frias tuas ruas, becos e casarões agonizam no descaso e abandono de teus governantes e moradores? Onde estão os transeuntes que te usam como uma velha prostituta de 395 anos? Ai de ti São Luís, vítima de um passado que insiste em ser presente na memória e no discurso daqueles que maculam as tuas paredes com a tinta da farsa, do engodo e da falsa valorização. Bem vinda ao teu passado, dele retornam franceses, ingleses, portugueses, espanhóis e até italianos... Estão todos aqui! E juntos te conduzirão ao jazigo dos infelizes indigentes. São Luís eu não te reconheço, estás acabada, nem parece a descrita e exaltada por cronistas, poetas e cantores. Hoje as rugas consomem a tua beleza, os maus tratos te aleijaram e a menor das chuvas de outono é capaz de destruir parte de ti. Agora pergunto: quantos estarão ao teu lado quando decidires renascer? Quantos enxugarão tuas lágrimas quando forem cantados os parabéns e você chorar, não apenas de emoção, mas principalmente pelas chagas que carregas por teus longos anos de existência. Parabéns, São Luís! Aqui deixamos os nossos votos de vida longa. Mas aqui deixamos também os nossos protestos contra quem a muito te abandonou.
Grupo Icnos
Quanto à mostra, Adrianna ocupou um comodo da galeria com uma instalação representando um comércio, cujos produtos eram casarões engarrafados e com preços em dólares e euros. Uma crítica segundo ela, à comercialização dos casarões para estrangeiros que pouco fazem para revitalizá-los.
Maciel produziu uma instalação intitulada: As águas eternas do Jardim São Cristóvão II, com garrafas representando as águas não potáveis que escorrem eternamente pelas ruas da cidade de São Luís sem que nada seja feito pelo poder público ou população que também colabora para a sua existência;
Beto, produziu "Às moscas e baratas", objeto representando azulejos relevados manipuláveis que possuíam na sua parte posterior, dezenas de baratas, numa crítica contundente ao descaso e à falta de higiene tão explícitos em São Luís;
Eu produzi uma instalação com uma porta de geladeira encaixada em um nicho de portal da galeria, e que poderia ser manipulada. Era um trabalho mais intimista voltado para esse eletrodoméstico tão simbólico e significativo nos lares da cidade;