No século XIX, São Luís não foi contemplada com a criação de
nenhuma escola ou academia de belas artes, embora houvesse bom número de
artistas estrangeiros e maranhenses. No entanto, tal panorama mudaria ainda no
primeiro quartel do século XX, com chegada em 1915, do pintor cearense José de Paula
Barros (c. 1875 - 1926), procedente de Belém do Pará.
Esse artista fixou residência em São Luís e fundou no
mesmo ano de sua chegada uma escola de desenho e pintura[1],
contribuindo assim para a formação de vários artistas.
Posteriormente, Paula Barros
participou da criação da Escola de Belas Artes do Maranhão, juntamente com José
Lentini, Fran Paxeco, Da Costa e Silva, Antonio Lopes, Jacinto Aguiar,
Francisco Furiati e outros.
Essa instituição foi criada em 1922 e
funcionou por cerca de oito anos, primeiramente no Casino Maranhense e a partir
de 1926 no prédio onde funcionou o Instituto Histórico e Geográfico do
Maranhão, na Avenida Magalhães de Almeida. Posteriormente, a Academia de Belas Artes
foi reativada por Telesforo de Moraes Rego e alguns outros artistas.
Pelas suas próprias limitações, essa
Escola oferecia apenas três cursos: música, artes plásticas e declamação. Paula
Barros ministrava desenho e pintura. Além dele, lecionaram também nessa escola,
os seus ex-alunos Levy Damasceno Ferreira, Rubens Damasceno Ferreira e Arthur
Marinho.
Os discípulos de Paula Barros e a pintura de casario
Em
São Luís, o casario é um tema bastante comum em pinturas, gravuras, fotografias
e desenhos. Os primórdios desse gênero pictórico são encontrados ainda no
século XIX, nas paisagens e vistas urbanas de Righini e Hagedorn, assim como
nos álbuns fotográficos antigos. No entanto, tornou-se temática recorrente
somente no início do século XX, através das produções e do ensino artístico dos
ex-alunos de Paula Barros.
Desse
grupo de discípulos de Paula Barros destacaram-se: Arthur Marinho, Rubens
Damasceno, Telésforo de Moraes Rêgo Filho, Newton
Coelho Pavão e Amena Varella (Amina Paula Barros),
formadores de gerações de artistas.
Dos artistas citados, Amena Varella,
a única mulher, foi pioneira conseguindo destacar-se num meio totalmente
dominado por homens. Ela conseguiu ter identidade e espaço próprios, superando
preconceitos e provincianismos cristalizados no meio artístico de São Luís.
Vale lembrar que anterior a ela,
apareceram várias mulheres estudantes de desenho e pintura, mas devido às
relações de gênero da sociedade maranhense da época, a mulher até o início do
século XX, tinha a arte na sua formação e execução apenas como uma prenda.
[1]
Funcionava no prédio onde atualmente localiza-se a Academia Maranhense de
Letras e teve duração de dois anos (1915/16).
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