A presença de artistas europeus em
São Luís, durante a segunda metade do século XIX, não trouxe grandes
contribuições para o desenvolvimento do panorama artístico local da época, no
entanto, contribuiu para a formação de vários artistas maranhenses. Os
principais nomes dessa geração foram:
José Maria Bílio Júnior, Francisco
Raimundo Diniz, João Manoel da Cunha, Horácio Tribuzi, Francisco Peixoto Franco de Sá, Aluísio Tancredo Belo de Azevedo e João Afonso do Nascimento.
No século XIX, os artistas
estrangeiros e os maranhenses, embora formassem um número razoável, nunca
formaram uma escola de belas artes em São Luís. E sequer havia uma galeria
específica para exposições artísticas, que normalmente eram realizadas em lojas,
armazéns, ateliês e instituições de ensino.
O número de exposições coletivas
citadas pelos jornais da época, também foi bem diminuto, o que indica,
supostamente, certo distanciamento entre eles. As exposições mais
significativas foram:
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1ª Exposição Provincial Agrícola, Industrial e de Obras de arte, realizada na Casa dos
Educandos Artífices, em 1860;
-
2ª Exposição Provincial Agrícola, Industrial e de Obras de arte,
realizada na Casa dos Educandos Artífices, em 1861;
-
3ª Exposição Provincial Agrícola, Industrial e de Obras de arte,
realizada na Casa dos Educandos Artífices, em 1866;
-
Exposição organizada por Domingos
Tribuzi e Horácio Tribuzi, com trabalhos de seus alunos, em 1872;
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2ª Festa Popular do Trabalho, realizada na casa dos Educandos
Artífices, 1872;
É importante citar que das exposições
acima, a única específica de arte foi a organizada
por Domingos Tribuzi e Horácio Tribuzi (1872), em todas as outras, as obras de
arte eram expostas ao lado de produtos agrícolas, industriais, manufaturas,
livros e vários outros que compunham as chamadas exposições agrícolas e
industriais.
Existem ainda registros de outras
exposições realizadas naquele século, porém, sem relevância para a história da
arte maranhense.
Naquela época, os artistas buscavam empregos
nos estabelecimentos de ensino, porque as práticas artísticas faziam parte do
currículo escolar, e eles ministravam aulas de desenho e pintura.
Outro mercado importante era a
produção de retratos, gênero bastante encomendado, principalmente, das
personalidades falecidas, de D. Pedro II, ou de figuras da elite local.
Assim como em outros tempos, não havia
incentivos por parte do governo para o campo das artes, exceto algumas pensões
para estudos na Europa.
Assim como governo, as instituições
particulares também não eram muito incentivadoras ou mesmo consumidoras de
obras de artes. Mas esporadicamente adquiriam um ou outro trabalho artístico.
Mas havia exceções como o Hospital
Português[2],
que contratava artistas para retratarem figuras ilustres que prestavam significativos
serviços à Sociedade Humanitária. Tal acervo ficou exposto durante muitos anos
no seu Salão Nobre[3].
No início do século XX, o
Governo do Estado, adquiriu da viúva de Arthur Azevedo, as obras que
pertenceram a ele, uma coleção totalizando 23.119 peças entre gravuras,
pinturas, livros e esculturas.
[1] Fonte:
CANTANHEDE, João Carlos Pimentel. Veredas
Estéticas – fragmentos para uma história social das artes visuais no
Maranhão. São Luís: edição do autor, 2008.
[2]
Hospital Português (de São João de Deus) da Real Sociedade Humanitária 1º de
Dezembro, inaugurado em 31 de outubro de 1869.
[3]
Segundo informações da pesquisadora Franciane Lins, esse acervo foi transferido
para o Consulado Português.