domingo, 5 de maio de 2013

AS ARTES VISUAIS EM SÃO LUÍS: Parte I – a produção tupinambá


Os primeiros artistas[1] de São Luís foram os Tupinambás, autores de produções em cerâmica, pintura corporal, plumária, música, trançados, tecelagem e algumas outras expressões artísticas. Essas produções de natureza estética, funcional e simbólica pertenciam aos seus universos naturais e sobrenaturais. 
Uma arte bastante desenvolvida pelos tupinambás era a plumária, confeccionada e usada, principalmente, pelos homens nos momentos festivos: dias de cauim, matança de inimigos, partida para a guerra, furação de lábio de crianças, e demais eventos solenes.
Os adornos plumários eram produzidos com diversas penas coloridas organizadas de maneira simétrica, e tecidos na parte interna com fios de algodão, semelhante à trama de uma rede de pescar. O mais belo desses adornos era o Assoiave [Açoiába], produzidos com penas de guará e algumas outras. Possivelmente, era utilizado somente em momentos festivos e solenes.
Bem expressivas também eram as suas pinturas corporais, executadas pelas mulheres sobre si e também sobre os demais indivíduos tupinambás. Pintam o rosto e o corpo, na convicção de se embelezarem. “Trazem alguns a face rajada de vermelho e negro; outros pintam apenas uma metade do corpo e do rosto e deixam a outra metade com sua côr natural.”[2]
Outros pintam “o corpo inteiro de figuras, da cabeça aos joelhos e assim ficam como se estivessem vestidos com uma roupa de Pantalon, de cetim prêto estampado. Quanto às mãos e às pernas, pintam-nas com o suco do genipapo.”[3]
Mas, “nem sempre andam pintados, e sim quando querem, e uns mais que os outros, e principalmente as raparigas mais do que todos.”[4] Era portanto uma arte que caracterizava momentos específicos e também indivíduos por sexo e idade.
Um dos momentos mais significativos para os Tupinambás “exibirem” a sua arte eram guerras, para as quais, eles assim se adornavam:

Para a cabeça usam de uma peruca ou cabeleira de penas de cores vermelhas, amarelas, verde-gaio e violetas, que prendem aos cabelos com uma espécie de cola ou grude.
Enfeitam a testa com grandes penas de araras e outros pássaros semelhantes, de cores variadas e dispostas à maneira de mitra, que amarram atrás da cabeça. Nos braços atam braceletes também de penas de diversas cores, tecidas com fio de algodão, semelhante à mitra de que acabamos de falar. [5]

Colocavam na altura dos rins outro adorno plumário, o qual formava “uma roda de penas de cauda de ema presa por dois fios de algodão tintos de vermelho, cruzando-se pelos ombros [...], de sorte que aos vê-los emplumados, dir-se-ia que são emas que só tem penas nestas três partes do corpo”.[6] 



[1] Esse termo não é aqui utilizado como categoria profissional, e sim para se referir a qualquer indivíduo que produza objetos estéticos para os mais diversos momentos e finalidades.
[2] D’ABBEVILLE, Claude. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2002, p. 262.
[3] Id.Ibid., p. 262.
[4] Id. Ibid., p 262.
[5] D’EVREUX, Yves. Viagem ao norte do Brasil: feita nos anos de 1613 a 1614; com colaboração de Ferdinand Denis; traduzida por César Augusto Marques. São Paulo: Siciliano, 2002, p. 78.
[6] Id. Ibid., p. 79.

Nenhum comentário: