domingo, 5 de maio de 2013

AS ARTES VISUAIS EM SÃO LUÍS: Parte II – a arte colonial maranhense


Posterior à arte tupinambá em São Luís, temos a arte sacra católica, manifestada na arquitetura das igrejas e conventos, nas pinturas de forro, nos altares, e principalmente na imaginária. A qual por influência dos artesãos índios, negros e mestiços, adquiriu características próprias: cabelos enrolados e caídos sobre os ombros, bochechas grandes, roliças e arredondadas, proporções atarracadas, olhos amendoados, rosto largo, orelhas cobertas pelos cabelos e pescoço grosso.
Um dos poucos artistas conhecidos do período colonial não pertencente ao campo da arte sacra foi José Luiz da Rocha (1744 – primeiro quartel do século XIX). Sobre esse artista e as suas produções, Coutinho comenta:

Para que seu nome ficasse, como agora fica registrado nas páginas de nossa história, basta que alguém contemple com os olhos e espírito de artista as belezas das fontes das Pedras e do Ribeirão, nascidas, em sua prancha de desenhista, de sua maestria como construtor civil. A primeira, a das Pedras [...], não era, nem poderia ser, nenhuma obra de arte, senão uma bica a jorrar da encosta da ladeira da rua das Crioulas, que descia no rumo do atual Portinho. Mas, a frontaria e carrancas ali até hoje existentes nasceram das mãos do desenhista e das orientações do mestre-de-obras notável, o pardo-fidalgo José Luiz da Rocha.[1]

 Ele era natural de São Luís. Mulato, filho de um português com uma negra. Desempenhou as atividades de pintor, desenhista, arquiteto, engenheiro e militar, chegando ao posto de coronel. As suas obras mais significativas foram: reforma da Fonte das Pedras e construção da Fonte do Ribeirão.
Mas, a arte em São Luís só toma impulso, efetivamente, a partir do século XIX. Época com grande fluxo de viagens entre São Luís e a Europa, de onde vinham companhias líricas para se apresentarem no Teatro, e também artistas, a maioria deles apenas com passagens rápidas.
Tais artistas buscam novos mercados, visto que a maioria enfrentava um mercado saturado, e não conseguia se estabelecer em seus países pela qualidade razoável de seus trabalhos, ou também por, normalmente, não estarem adaptados aos novos estilos e padrões da arte oitocentista europeia;
Também contribuía para a vinda deles, o fato de São Luís e outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Recife e Salvador possuírem um crescente mercado consumidor ansioso por copiar hábitos e costumes europeus, principalmente a partir da chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808.
Por São Luís também passaram as chamadas expedições científicas e missões artísticas, das quais normalmente faziam parte, artistas com finalidade de fazerem os registros visuais das pesquisas.



[1] Coutinho, Milson. Fidalgos e barões: uma história da nobiliarquia luso-maranhense. São Luís: Instituto Geia, 2005, p. 171.

Nenhum comentário: